terça-feira, 5 de julho de 2016

Crime na UFRJ: "Tentam matar, mas a homossexualidade não morre", diz Wyllys (Noticia) - Crime at UFRJ: "They try to kill, but homosexuality does not die," says Wyllys (News)

Um estudante de letras foi assassinado dentro do campus da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), na Ilha do Fundão, na zona norte da capital fluminense. Diego Vieira Machado, 29, era gay, negro e morava no alojamento universitário.

O corpo do estudante foi encontrado na Baía de Guanabara e tinha sinais de espancamento e estava sem calça, indício de que o crime poderia ter sido motivado por homofobia. "Tentam matar algo que nunca morre: a homossexualidade", comenta o deputado federal pelo Rio Jean Wyllys (PSOL-RJ).

Para ele, o caso evidencia o crescimento de grupos de extrema-direita nas universidades brasileiras. "Não por acaso surgiram no Facebook páginas intituladas USP Livre e UFRJ Livre", diz.

Uma dessas páginas mencionadas por Wyllys divulgou uma nota de pesar sobre o caso de Diego. Nela, os administradores afirmam que movimentos políticos estão "capitalizando a morte do rapaz e utilizando-o para levantarem suas bandeiras políticas antes mesmo dos fatos serem investigados".

Segundo o irmão da vítima, Maycon Machcado, ele estaria com medo de continuar morando no alojamento universitário por ser gay. "Ele não tinha medo de dar as suas opiniões. Batia de frente, argumentava. Sofria bullying desde a infância por ser gay, por ter cabelo grande, por ter um estilo diferente", contou. "Mas agora a violência parecia real e ele ligou para minha tia para pedir dinheiro e poder sair do alojamento."

Alunos e professores da UFRJ relatam que episódios de homofobia são frequentes na universidade. No banheiro da Escola de Comunicação, no câmpus da Praia Vermelha, na zona sul, foi feita uma pichação com a inscrição "Morte aos gays da UFRJ". Em outro banheiro, no Centro Técnico da Engenharia, no Fundão, foi escrito "Só tem viado (sic) nessa p...".

Denúncia
"O Código Penal ainda não reconhece a motivação homofóbica de crimes como este como um agravante das penas. Mas esses crimes existem e as pessoas precisam procurar a polícia", recomenda Jean Wyllys.

O deputado acredita que a comunidade acadêmica precisa se unir para "manter acesa a chama da diversidade cultural nas universidades". "As universidades sempre foram espaço de expressão da diversidade, seja sexual, étnica, ainda mais depois das cotas. Precisamos preservar isso e manter essas políticas públicas de inclusão das minorias na universidade."

Em nota, a reitoria da Faculdade de Letras da UFRJ afirmou que os universitários têm convivido com o aumento acelerado de atos violentos, seja no campus ou nos transportes coletivos.

"Sabemos que a cidade convive com índices alarmantes de assaltos e homicídios, assim como estupros e tantos crimes de intolerância. Fazemos parte desta triste realidade, somos parte também de uma cultura que nega a brutalidade e o horror de nossa sociedade desigual", afirma.

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A student of letters was murdered on campus at UFRJ (Federal University of Rio de Janeiro), on Fundão Island, in the north of the state capital. Diego Vieira Machado, 29, was gay, black and lived in university housing.

The student's body was found in Guanabara Bay and had signs of beating and was without pants, evidence that the crime could have been motivated by homophobia. "They try to kill something that never dies: homosexuality," said the federal deputy for Rio Jean Wyllys (PSOL-RJ).

For him, the case highlights the growth of far-right groups in Brazilian universities. "Not coincidentally appeared on Facebook pages entitled Free USP and UFRJ Free", he says.

One of these pages mentioned by Wyllys issued a statement of regret on the case of Diego. In it, administrators claim that political movements are "capitalizing on the death of the boy and using it to raise their political banners even before the facts being investigated".

According to the victim's brother, Maycon Machcado, he was afraid to continue living in university housing for being gay. "He was not afraid to give their opinions. Batia front, he argued. He suffered bullying from childhood for being gay, having great hair, have a different style," he said. "But now the violence seemed real and he called my aunt to ask for money and power out of the housing."

UFRJ students and teachers report that episodes of homophobia are common at the university. In the bathroom of the Communications School at the campus of Red Beach on the south side, a mural was made with the inscription "Death to gays UFRJ". In another bathroom in the Technical Center of Engineering, in Fundão, it was written "Just fag (sic) this p ...".

Complaint
"The Penal Code does not recognize homophobic motivated crimes like this as an aggravating penalties. But these crimes exist and people need to go to the police," advises Jean Wyllys.

The deputy believes that the academic community needs to unite to "keep the flame of cultural diversity in universities." "Universities have always been space for expression of diversity, whether sexual, ethnic, even after quotas. We need to preserve it and maintain these public policies of inclusion of minorities in college."

In a statement, the rectory of the UFRJ Faculty of Arts said the university have lived with the rapid increase in violent acts, either on campus or in public transport.

"We know that the city lives with alarming rates of assaults and murders, and rapes and so many crimes of intolerance. We are part of this sad reality, we are also part of a culture that denies the brutality and horror of our unequal society," he says.

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