segunda-feira, 25 de julho de 2016

Coisas que eu aprendi ao namorar um soropositivo (Documentário) - Things I Learned dating a seropositive (Documentary)

Uma experiência cheia de lições sobre a forma de encarar a condição e a vida.

Eu tinha 19 anos quando conheci a pessoa que pensei ser o amor da minha vida. Ele usava óculos no estilo super man, tinha um sorriso delicado e cabelos angelicais, mas o que mais me encantava era o brilho no olhar que transparecia amor por tudo que fazia. Nos conhecemos num passeio por pontos turísticos da minha cidade, tivemos o nosso primeiro beijo naquele mesmo dia e, então, tudo aconteceu muito rápido.
O sentimento era muito intenso, a gente se via quase todos os dias e, por isso, comecei a perceber que ele tinha alguns hábitos diferentes: sua personalidade era, por vezes, meio instável, ele tomava muito remédio, ia ao hospital com certa frequência e não ia além das preliminares, negando fazer sexo.
Então, em um dia de inverno, estávamos deitados na minha cama — na época, meu quarto ficava no sótão da minha casa, quando ele perguntou se eu poderia assistir um filme com ele. Contou-me que aquele título, “Agora e Para sempre”, significava muito pra ele e que era pra eu prestar atenção. Na trama, a atriz Dakota Fanning interpreta Tessa, uma garota que é diagnosticada com leucemia intensa. Eu confesso que fiquei com um frio na barriga e, ao passo que o filme ia chegando ao final, o medo ia me consumindo. Não queria ter a conversa que viria a seguir.
O filme acabou, eu levantei e fui até a janela, fiquei olhando para a rua esperando que ele dissesse que tinha câncer. Então, ele parou do meu lado e disse:
_Eu tinha medo de te contar isso, porque não sei qual será a sua reação. Só quero que saiba que eu continuo sendo a mesma pessoa. Mas eu tenho HIV.
Pode parecer clichê, mas o quarto começou a rodar. Eu não sei o que pensei, só percebi que estava falando um monte de bosta:
_Eu não acredito que você fez isso comigo… Como não me disse antes? E se eu tivesse com uma ferida quando fiz oral em você? E se eu contraí quando as coisas esquentaram e eu fiquei sem roupa?
Eu vi que ele murchou e com um misto de tristeza e raiva falou:
_Você não sabe do que está falando, não conhece o que eu tenho. Nunca faria algo que pudesse transmitir para outra pessoa porque eu sei o que eu vivo. Eu sei me cuidar e cuidar dos outros. Esperava muitas coisas de você, menos esse ódio ignorante.
Aquilo abriu meus olhos. Eu percebi que realmente não sabia nada sobre a Aids porque a única coisa que as pessoas sabem nos ensinar sobre o HIV e a doença é nos botar medo, falar sobre as consequências, mostrar vidas miseráveis.
Uma das poucas referências que eu tinha sobre viver com Aids naquela época eram os personagens soropositivos do seriado Queer as Folk (2000–2005). A série fez um grande serviço na época, mas foi gravada em um período onde o vírus ainda não estava sob controle e os tratamentos não eram tão desenvolvidos, então o tio de Michael, que na trama convive com a doença, era um personagem apático, sempre indisposto, triste e com muito azar.
E aquele menino que estava na minha frente não tinha nada de miserável. Ele era muito feliz, muito bonito, tinha dinheiro e tinha amor por tudo que fazia na vida.
E com ele eu aprendi muitas coisas. Aprendi que a própria comunidade nutre um grande preconceito com pessoas que são portadoras do vírus, pois o discurso é de acolhimento, mas quando um gay sai com um cara e descobre que ele tem HIV, o medo da doença fala mais alto do que o encantamento pela pessoa. Aprendi então, que o principal malefício da AIDS é que a pessoa passa a ser reconhecida pela doença e não por quem ela é.
Aprendi ainda que os remédios, o coquetel, tem vários efeitos colaterais e isso causa muitas indisposições. O fato de ele ter um temperamento instável fazia parte desses efeitos. E acho que essa é uma das partes mais tristes do problema.
Por fim, aprendi a amar o que eu faço. Ele costumava me dizer que sempre fazia tudo com vontade, e que se doava inteiramente ao momento, por dois motivos: ele ainda tinha a oportunidade de viver, mesmo com uma doença que mata muita gente, e pra provar que a vida vale a pena quando você ama.

(A mensagem que o My Memories quer passar é, seja mente aberta, pois por seu preconceito, pode esta deixando de conhecer alguém que poderia ser o amor da sua vida por uma simples ignorância que a população implantou dentro de você. deixe seu comentário nesta postagem em nossa página sobre o que pensa a respeito).

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An experience full of lessons on how to treat the condition and life.

I was 19 when I met the person I thought was the love of my life. He wore glasses in super man style, had a gentle smile and angelic hair, but what fascinated me was the gleam in his eyes that exuded love for everything he did. We met on a tour of sights of my city, we had our first kiss that day and then everything happened very quickly.
The feeling was very intense, we could see almost every day, so I began to realize that he had a few different habits: his personality was sometimes unstable environment, it took too much medicine, went to the hospital with a certain frequency and not going beyond preliminary, denying sex.
Then, on a winter day, I was lying in my bed - at the time, my room was in the attic of my house, when he asked if I could watch a movie with him. He told me that title, "Now and Forever", meant a lot to him and it was for me to watch. In the plot, the actress Dakota Fanning plays Tessa, a girl who is diagnosed with severe leukemia. I confess that I got butterflies in my stomach, and while the film was nearing the end, the fear was consuming me. I did not want to have the conversation that would follow.
The film was over, I got up and went to the window and stared at the street waiting for him to say he had cancer. Then he stopped beside me and said,
_ I was afraid to tell you this, because I do not know what will be their reaction. I just want you to know that I'm still the same person. But I have HIV.
It may seem cliché, but the room began to spin. I do not know what I thought, just figured he was talking a lot of shit:
_ I do not believe you did this to me ... How you did not tell me before? And if I had with an injured when did oral on you? And if I contracted when things got hot and I was naked?
I saw that he wilted and with a mixture of sadness and anger said:
_ You do not know what you're talking about, do not know what I have. I would never do anything that could pass for someone else because I know what I live. I know I care and care for others. I expected many things from you, but this ignorant hatred.
That opened my eyes. I realized I did not really know anything about AIDS because the only thing people know teach us about HIV and the disease is put in fear, talk about the consequences, show lives miserable.
One of the few references that I had about living with AIDS at that time were HIV-positive characters Queer as Folk series (2000-2005). The series did a great service at the time, but has been recorded in a period where the virus was still not under control and the treatments were not so developed, so Michael's uncle, who in the plot coexists with the disease was an apathetic character, always ill, sad and very unlucky.
And the boy who was in front of me was nothing miserable. He was very happy, very beautiful, had money and had love for everything he did in life.
And with him I learned many things. I learned that the community nurtures a great prejudice against people who are carriers of the virus, because the speech is the host, but when a gay out with a guy and discovers he has HIV, fear of disease speaks louder than the incantation the person. I learned then that the main harm of AIDS is that the person is now recognized by the disease and not for who she is.
I learned that the drugs, the cocktail has several side effects and this causes many ailments. The fact that he has an unstable temperament was part of these effects. And I think that's one of the saddest parts of the problem.
Finally, I learned to love what I do. He used to tell me he always did everything with ease, and that is entirely donated to time, for two reasons: he still had the opportunity to live, even with a disease that kills a lot of people, and to prove that life is worth when do you love.

(A message that the My Memories want to spend it, be open minded because of their prejudice, can this failing to meet someone who could be the love of your life by a simple ignorance that people implanted within you. Leave your comment on this posting on our page about what you think about it.)

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