Sempre atento e defensor das questões LGBT, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) se manifestou contra o projeto que ficou conhecido como de “cura gay”.
De autoria do deputado João Campos (PSDB-GO), o PL quer alterar a resolução do Conselho Federal de Psicologia, de 1999, que estabelece normas éticas a psicólogos com relação à orientação sexual.
“Não bastasse a inconstitucionalidade do projeto, que contraria os princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988, a proposta vai contra todos os tratados internacionais de Direitos Humanos”, escreveu Wyllys em seu portal.
Para o deputado, “o argumento de que a homossexualidade pode ser ‘curada’ é tão absurdo como seria dizer que a heterossexualidade pode ser ‘curada’”.
Confira abaixo o posicionamento do deputado Jean Wyllys na íntegra
O PDL do deputado – o mesmo da PEC n° 99 de 2011, ou a “PEC da Teocracia” que pretende que as “associações religiosas” possam “propor ação de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade de leis ou atos normativos, perante a Constituição Federal” – é, no mínimo, criminoso, e vai também contra os direitos à saúde da população, pois sabemos que essas supostas terapias de “cura gay” nada mais são do que mecanismos de tortura que produzem efeitos psíquicos e físicos altamente danosos, que vão da destruição da auto-estima de um ser humano, até o suicídio de muitos jovens – como ocorreu recentemente nos Estados Unidos, onde mais um adolescente gay, de 14 anos, tirou sua própria vida apos ter sofrido assedio homofóbico na escola.
A tragédia ocorreu no Tennessee, estado dos EUA cujo Senado votava, há um ano, um projeto de lei que proibia professores de mencionar a homossexualidade em sala de aula e logo após outro adolescente gay do Tennessee, Jacob Rogers, tirar sua própria vida. Alguns dias antes, mais dois jovens norte-americanos também se suicidaram, depois de anos de sofrimento: Jeffrey Fehr, 18, e Eric James Borges, de 19 (este último cresceu em uma família fundamentalista cristã que inclusive tentou exorcizá-lo).
Essas supostas terapias, repudiadas unanimemente pela comunidade científica internacional, constituem um grave perigo para a saúde pública. Adolescentes e jovens são obrigados, muitas vezes pela própria família, a tentar mudar o que não pode ser mudado, são pressionados para isso por estes grupos que promovem as mal chamadas “terapias de reversão da homossexualidade” e acabam com graves trastornos psíquicos ou se suicidam. Os responsáveis desses crimes deveriam ser punidos, mas o deputado Campos propõe um amparo legal para que, além de fugir da responsabilidade penal pelos seus atos, possam dizer que a lei os protege e que suas atividades criminosas são lícitas.
Nos EUA, um dos mais conhecidos grupos que dizem “curar” a homossexualidade é Exodus. Mas os “ex gays” de Exodus, mais tarde ou mais cedo, acabam sendo “ex ex gays”, porque a orientação sexual não pode ser mudada ou escolhida a vontade (sobre isso também há absoluto consenso na comunidade científica). Varios ex líderes do grupo pediram públicamente perdão por seus crimes alguns anos atrás: “Peço desculpas a aqueles que acreditaram na minha mensagem. Tenho ouvido nos últimos tempos numerosas histórias de abuso e suicídio de homens e mulheres que não puderam mudar sua orientação sexual, apesar do que Exodus e outros ministérios lhes dizeram. Uma participante que conheci caiu numa profunda depressão e preferiu saltar de uma ponte. Naquele momento, disseram-me que não era minha culpa, mas meu coração não acreditou”, declarou numa coletiva de imprensa Darlene Bogle, ex liderança da seita, junto a outros colegas que se arrependeram com ela.
Há uma preocupante confusão na sociedade, incitada por esse fundamentalismo religioso, que precisa ser esclarecida antes que a saúde física e psíquica de mais jovens seja afetada: ao contrario da religião, a orientação sexual de um indivíduo não é uma opção. Se o Estado é laico – como o é o brasileiro desde 1890 – questões de cunho moral e místico não podem ser parâmetro nem para a elaboração das normas nem para o seu controle. Valores espirituais não podem ser impostos normativamente ao conjunto da população.
Jean Wyllys
Deputado Federal
-----------------------------------------------------------------------------------------------------
An attentive and supporter of LGBT issues, Rep. Jean Wyllys (PSOL-RJ) has spoken out against the project that became known as "gay cure".
Authored by Congressman John Fields (PSDB-GO), the PL want to change the resolution of the Federal Council of Psychology, 1999, establishing ethical standards psychologists with respect to sexual orientation.
"Not only the constitutionality of the project, which contradicts the fundamental principles of the Constitution of 1988, the proposal goes against all international treaties on Human Rights," wrote Wyllys on its website.
For the deputy, "the argument that homosexuality can be 'cured' is as absurd as it would mean that heterosexuality can be 'cured.'"
Check out the position of Mr Jean Wyllys in full
The LDP's deputy - the same as PEC No. 99 of 2011, or "PEC of the Theocracy" that you want the "religious associations" may "propose the unconstitutionality and declaratory actions of constitutionality of laws or normative acts, before the Constitution Federal "- is, at least, criminal, and also goes against the rights to public health because we know that these putative therapies" gay cure "are nothing more than torture mechanisms that produce physical and psychological effects egregious that will the destruction of self-esteem of a human being, even the suicide of many young people - as happened recently in the United States, where more than a gay teenager, aged 14, took his own life after having suffered homophobic harassment at school.
The tragedy occurred in Tennessee, which U.S. state Senate voted a year ago, a bill that would prohibit teachers from mentioning homosexuality in the classroom and soon after another gay teenager from Tennessee, Jacob Rogers, take his own life. Some days before, two young Americans also committed suicide after years of suffering: Jeffrey Fehr, 18, and Eric James Bennett, 19 (the latter grew up in a fundamentalist Christian family who even tried to exorcise it).
These putative therapies, unanimously repudiated by the international scientific community, are a serious hazard to public health. Adolescents and young people are forced, often by the family, trying to change what can not be changed, are pressured into it by these groups promoting the misnamed "reversal therapy of homosexuality" and end with serious mental disorders or suicide . Those responsible for these crimes should be punished, but Mr Campos proposes a legal support for that in addition to escape criminal liability for their actions, they can say that the law protects them and their criminal activities are lawful.
In the U.S., one of the best known groups that say "cure" homosexuality is Exodus. But the "ex-gays" Exodus of, sooner or later end up being "ex-ex gays" because sexual orientation can not be changed or chosen will (on this there is also an absolute consensus in the scientific community). Several former leaders of the group publicly asked forgiveness for his crimes a few years ago: "I apologize to those who believed in my message. I recently heard numerous stories of abuse and suicide among men and women who could not change their sexual orientation, despite what Exodus and other ministries dizeram them. A participant who met fell into a deep depression and chose to jump from a bridge. At that moment, I was told that it was not my fault, but my heart did not believe, "he said at a news conference Darlene Bogle, former leader of the sect, together with other colleagues who have repented with her.
There is a disturbing confusion in society, spurred on by the religious fundamentalism that needs to be clarified before the physical and mental health of young people is affected, unlike religion, sexual orientation of an individual is not an option. If the state is secular - as is the Brazilian since 1890 - issues of moral and mystical can not be a parameter or to the development of standards or for its control. Spiritual values can not be imposed normatively to the whole population.
Jean WyllysCongressman
Nenhum comentário:
Postar um comentário