quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Rio 2016 se transforma na Olimpíada mais gay da história (Noticia) - 2016 becomes the gayest Olympics history (News)

Na edição com mais atletas fora do armário que se tenha notícia, a foto de um casal de lésbicas ganha o mundo depois de um pedido de casamento em público. A Austrália tinha acabado de conquistar, na noite de segunda-feira, a primeira medalha de ouro da história do rúgbi de 7 feminino nos Jogos Olímpicos. O estádio de Deodoro já estava quase vazio. Então, uma mulher entrou no campo com um microfone na mão e dirigiu-se a uma jogadora da seleção brasileira. E foi assim que Marjorie Enya, que trabalha como voluntária na Olimpíada, pediu em casamento a sua namorada, Isadora Cerullo. Depois de ouvir o “sim”, Enya, de 28 anos, improvisou uma aliança fazendo um laço no dedo de Isadora, de 25 anos, e o beijo das duas passou a ser uma das imagens mais populares dos Jogos Olímpicos do Rio até agora.Esta é apenas uma das mais recentes imagens dos Jogos Olímpicos com vocação para acolher o coletivo LGBTQ (lésbicas, gays, transexuais, queer). Ainda que as disputas esportivas tenham o protagonismo na Rio 2016, a cada novo episódio do gênero a narrativa de respeito à inclusão se aprofunda.

O número de atletas assumidamente LGBTQ – 43 no total – é o maior da história. Um deles, o britânico Tom Daley ganhou a medalha de bronze no salto sincronizado na segunda-feira. A judoca Rafaela Silva, o primeiro ouro do Brasil, também é lésbica. E, pela primeira vez na história, duas atletas estão casadas: as também britânicas Kate Richardson-Walsh e Helen Richardson-Walsh. Na noite da cerimônia de abertura, cinco dos ciclistas que puxavam as delegações dos países eram transexuais, incluindo a famosa modelo Lea T, que abriu caminho para os atletas brasileiros. Um contraste com o Brasil, sede das competições, onde a homofobia cresceu nos últimos anos. Na semana passada o time feminino de futebol dos Estados Unidos teve seu primeiro jogo, no Mineirão, em Belo Horizonte. Algumas jogadoras ouviram que o público – de pouco mais de 10 mil pessoas – gritava “bicha” nas arquibancadas _uma prática comum das torcidas de futebol em jogos masculinos no Brasil. O grito se misturou a gritos de "Zika", que acabou se consolidando a cada vez que goleira norte-americana Hope Solo estava com a bola, uma reação às postagens da jogadora sobre a doença antes de vir ao Brasil. O time norte-americano tem pelos menos duas homossexuais, a meio-campista Megan Rapinoe e a treinadora, Jill Ellis.

Fora das arenas, os episódios homofóbicos se multiplicam pelo país. De acordo com o site do Grupo Gay da Bahia, um membro da comunidade LGBTQ é agredido a cada 28 horas. “Os números da violência são enormes”, afirma Antônio Kvalo, um dos fundadores do portal temlocal.com.br, onde as pessoas que já se sentiram agredidas ou ameaçadas pela sua sexualidade podem contar suas histórias. “Os relatos vão de ataques verbais até assassinatos com toques de crueldade. Especialmente contra transexuais”, lamenta. O machismo enraizado na sociedade brasileira se perpetua de muitas maneiras, segundo Kvalo.

"Houve uma revelação (ou uma saída do armário, por assim dizer) da homofobia mais radical"

Mas o crescimento dos casos de homofobia ultrapassa as fronteiras brasileiras e é testemunhado em outros países do continente, o que gera um efeito colateral importante. “O número de pessoas que aceitam os pedidos por direitos dos grupos LGBT está crescendo na América do Sul. Mas há uma outra tendência, dos grupos homofóbicos, que, se não estão crescendo em número, estão aumentando a intensidade de suas manifestações e, em alguns países, estão mais organizados politicamente”, observa Javier Corrales, professor de Ciência Política da Universidade de Amhrest, em Boston, especialista nos direitos gays na América do Sul. “Houve uma exposição maior (ou uma saída do armário, por assim dizer) da homofobia mais radical, que hoje em dia está mais organizada e se manifesta mais do que antes”, completa o professor.

O Brasil esteve sempre aberto à inclusão dos homossexuais em comparação com outros países vizinhos: aceitou a união civil de pessoas do mesmo sexo em 2003 e legalizou o seu casamento em 2013, seguindo o exemplo do Uruguai e da Argentina. Mas a caminhada parece ter chegado a um platô e a explicação para essa paralisia estaria no papel que o Legislativo tem exercido nos últimos tempos, acredita Corrales. “O bloco parlamentar evangélico [mais conservador] é um pouco mais da metade do que qualquer outro grupo político no Congresso”, observa. Os deputados evangélicos têm defendido projetos polêmicos e excludentes, como o Estatuto da Família – que apenas reconhece casais heterossexuais – e até já propôs a cura gay.

Por isso, o tom desta Olimpíada ganha ainda mais importância. Neste contexto, a visibilidade dos atletas assumidos tem um ganho incomensurável para o coletivo. “É a única coisa que temos para contribuir pela luta LGBTQ ”, alerta Matthew Rettenmund, autor do livro Boy Culture, que se transformou em um blog sobre as últimas notícias gays. “Se as pessoas têm amigos, família, ou, no caso dos Jogos Olímpicos, ídolos LGBT, isso pode repercutir no mundo inteiro. Há que se aplaudir a todos os que vivem sua sexualidade livremente. Nunca poderemos agradecer o suficiente a eles."

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In the edition with more athletes out of the closet that has news, a photo of a lesbian couple wins the world after a marriage proposal in public. Australia had just won on the night of Monday, the first gold medal in the history of rugby 7 women in the Olympic Games. The Deodoro stadium was almost empty. So, a woman entered the field with a microphone in his hand and went to a player of the national team. And so Marjorie Enya, who works as a volunteer at the Olympics, he proposed to his girlfriend, Isadora Cerullo. After hearing the "yes", Enya, 28, improvised an alliance making a loop on the finger of Isadora, 25, and the kiss of the two has become one of the most popular images of the Olympic Games in Rio so far. this is just one of the latest images of the Olympic Games with a vocation to welcome the collective LGBTQ (lesbian, gay, transgender, queer). Although sports disputes have the role in 2016, every new episode of the genre for the inclusion narrative deepens.

The number of openly LGBTQ athletes - 43 in total - is the largest in history. One of them, the British Tom Daley won the bronze medal in synchronized jump on Monday. The judoka Rafaela Silva, the first gold of Brazil, is also a lesbian. And for the first time in history, two athletes are married: the also British Kate Richardson-Walsh and Helen Richardson-Walsh. On the night of the opening ceremony, five of the riders who pulled the country delegations were transsexuals, including the famous model Lea T, which paved the way for Brazilian athletes. A contrast with Brazil, headquarters of the competitions where homophobia has increased in recent years. Last week the women's team of the United States Soccer had its first game at the Mineirao in Belo Horizonte. Some players heard the audience - just over 10 thousand people - shouted "fagot" in the stands _A common practice of football supporters in men's matches in Brazil. The cry mixed with cries of "Zika" which ended up consolidating each time American goalkeeper Hope Solo was on the ball, a reaction to the posts of the player about the disease before coming to Brazil. The US team has at least two homosexuals, the midfielder Megan Rapinoe and coach Jill Ellis.

Outside the arenas, homophobic episodes multiply the country. According to the site of the Bahia Gay Group, a member of the LGBTQ community is beaten every 28 hours. "The numbers of violence are enormous," says Antonio Kvalo, one of the founders of the portal temlocal.com.br, where people who have felt abused or threatened by their sexuality can tell their stories. "The reports range from verbal abuse to murder with cruelty touches. Especially against transsexuals "he laments. Machismo rooted in Brazilian society perpetuates itself in many ways, according Kvalo.

"There was a revelation (or a way out of the closet, so to speak) the most radical homophobia"

But the growth of cases of homophobia beyond Brazilian borders and is witnessed in other countries of the continent, which creates an important side effect. "The number of people who accept the applications by LGBT rights groups is growing in South America. But there is another trend of homophobic groups, which, if they are not growing in number, are increasing the intensity of its manifestations, and some countries are more organized politically, "says Javier Corrales, a political science professor at the University of Amhrest in Boston, specializing in gay rights in South America." There was a higher exposure (or a way out of the closet, so to speak) the most radical homophobia, which today is more organized and manifests itself more than before, "adds the professor.

Brazil was always open to the inclusion of homosexuals in comparison with other neighboring countries, accepted the civil union of same sex in 2003 and legalized their marriage in 2013, following the example of Uruguay and Argentina. But the walk seems to have reached a plateau and the explanation for this paralysis was the role that the legislature has had in recent times, believes Corrales. "The evangelical parliamentary bloc [more conservative] is a little more than half than any other political group in the Congress," he says. Evangelicals MPs have defended controversial and mutually exclusive projects, such as the Statute of the Family - which recognizes only heterosexual couples - and even already proposed gay cure.

Therefore, the tone of this Olympics even more important. In this context, the visibility of the athletes has made an immeasurable gain to the collective. "It's the only thing we have to contribute for LGBTQ struggle," says Matthew Rettenmund, author of Boy Culture, which turned into a blog about the latest gay news. "If people have friends, family, or in the case of the Olympic Games, LGBT idols, it can affect the world. One must applaud all those who live their sexuality freely. We can never thank you enough to them. "

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