Gabriel e Fernanda são filhos dos empresários Leandro e Ricardo de Poá.
Esta foi a melhor forma que pais acharam de serem chamados sem confusão. Na casa dos irmãos Gabriel, de 4 anos e Fernanda, de 10 anos, tem pai e papai. No segundo domingo de agosto, a comemoração é dupla, assim como no Dia das Mães. Os irmãos foram adotados por um casal homossexual de Poá há um ano e meio e crescem aprendendo que nem toda família precisa ser composta por pai e mãe. A escola onde as crianças estudam entende as diferenças na rotina diária e também nas celebrações especiais, segundo a família.
Os irmãos são filhos do casal de empresários Ricardo e Leandro José Reis de Faria e Vieira. Ricardo sempre quis ser pai. “Era um sonho que eu sempre tive. Meu marido tinha mais receio, mas esperei até chegar o momento certo, em que ele estivesse preparado”, contou. A família começou a ser construída em 2005, mas na época as leis brasileiras não reconheciam união civil entre casais homossexuais. Em 2008, Ricardo e Leandro procuraram um advogado e, em um documento particular, registraram a união estável.
Em 2010, o documento pôde ser registrado no cartório como união estável. O casamento civil aconteceu em 2013, depois que o Brasil estabeleceu a Resolução nº 175, que proibia os cartórios de recusar a celebração de casamentos civis de casais do mesmo sexo ou deixar de converter em casamento a união estável homoafetiva.
A essa altura, o casal já estava na fila de adoção há um ano. “2012 foi o ano que paramos de tomar remédio e decidimos engravidar”, brinca Ricardo. Em 2013 o casal conheceu informalmente os seus filhos. “Foi durante uma ação solidária do Dia das Crianças que fizemos em um abrigo. Conhecemos o Gabriel, que na época tinha 2 anos e a Fernanda 8 anos. Eles se encaixavam perfeitamente na ficha de perfil que preenchemos, e eram mais de 10 folhas”. Na época, os irmãos ainda não estavam disponíveis para adoção, porque passavam pelo processo de destituição familiar dos pais biológicos. “Nós tentamos conseguir a guarda deles, mas o juiz de Itaquaquecetuba na época decidiu que o processo de adoção deveria correr da forma normal.”
Algum tempo depois, os irmãos entraram na fila. Por coincidência ou não, o casal de Poá estava à espera, no 1º lugar. “Eu acredito em providência divina, porque nenhuma outra ficha se encaixava tão bem com o perfil deles como a nossa. Havia um segundo casal, de Tremembé, que também poderia adotá-los, mas eles já eram nossos filhos”, disse Ricardo.
Foi iniciado, então, o processo de adoção, e o casal conseguiu a guarda provisória das crianças, que se mudaram em novembro de 2014. A guarda se tornou definitiva em março do ano passado.
Convivência
Eles definem como "mágica" a forma que suas vidas se cruzaram com as de Gabriel e Fernanda. "Eu sempre quis ser pai e falava pra minha mãe que queria chamar meu filho de Gabriel. Quando fazia minhas orações pensava 'Deus, se vira. Quero um filho chamado Gabriel'. E ele me deu. Quando fizemos a ação solidária no abrigo, o Gabriel tinha pouco mais de um ano, e era uma criança bem traumatizada, quase não falava e não ia no colo de ninguém. Ele veio no nosso colo. Quando as funcionárias do abrigo viram gritaram 'Olha lá, o Gabriel gostou deles'. Ouvi o nome dele, e sabia que ele era o meu filho", detalha Ricardo. Ter uma família com dois pais foi tranquilo para o menino. "Como ele ainda era um bebê quando chegou, a adaptação foi natural. Ele nem estranha", disse Ricardo.
O processo foi mais lento com Fernanda, que tinha 8 anos na época da adoção e sentia falta da presença feminina de uma mãe. "Nós fizemos terapias juntos e sempre conversamos que nessa família nunca haverá uma mãe. Por mais que eu e o Leandro cuidemos de tudo, ela pode sentir falta. No começo ela tinha certa resistência, mas hoje mudou completamente. Somos próximos, ela aceita nosso amor e carinho. Somos felizes".
Pai e papai
Para conviver com dois pais, a família teve que adaptar algumas situações cotidianas. A primeira delas, foi definir a forma como seriam chamados pelos filhos. "Eu não queria que fosse pai Léo e pai Ricardo, porque sempre chamei minha mãe de 'mãe' e só".
Então, a família definiu que Leandro é o 'pai' e Ricardo é o 'papai'. "É engraçado porque às vezes querem falar comigo e dizem pro Gabriel 'chame o seu pai'. Ele vai e chama o Léo", brincou.
O casal também fez adaptações na escola das crianças, por exemplo. "Quando eles foram matriculados conversamos com a diretora, coordenadora e professora de que algumas coisas teriam que mudar para haver essa inclusão. Então elas pararam usar termos como 'vamos mandar bilhetes para as mães', por exemplo. E isso é um detalhe que faz muita diferença. No primeiro Dia das Mães, a escola nos procurou para perguntar como gostaríamos de lidar com a data. Escolhemos comemorar, porque ser mãe e ser pai vai muito além do corpo. Comemoramos com eles. A escola até nos surpreendeu. Mandaram dois presentes e fomos homenageados na festa da escola."
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This was the best way that parents thought of being called a fuss. In the house of the brothers Gabriel, 4 years and Fernanda, aged 10, a father and Dad. On the second Sunday of August, the celebration is twofold, as well as Mother's Day. The brothers were adopted by a homosexual couple Poa a year and a half and grow up learning that not every family needs to be made up of father and mother. The school where children study understand the differences in the daily routine and also in special celebrations, according to the family.
The brothers are businessmen couple's children Ricardo and Leandro Jose Reis de Faria and Vieira. Ricardo always wanted to be a father. "It was a dream I always had. My husband had more fear, but waited until the right moment, he was ready, "he said. The family began construction in 2005, but at that time Brazilian law did not recognize civil unions between homosexual couples. In 2008, Ricardo and Leandro sought a lawyer, and a particular document, recorded a stable union.
In 2010, the document might be registered in the office as stable. The civil marriage took place in 2013, after Brazil established the Resolution No. 175, which prohibited the notary refuse to enter into civil marriages of same-sex couples or fail to convert in marriage to stable homosexual marriage.
At this point, the couple was already in adoption row a year ago. "2012 was the year we stopped taking medicine and decided to get pregnant," jokes Ricardo. In 2013 the couple informally met their children. "It was during a joint action of the Children's Day we did in a shelter. We know Gabriel, who at the time was 2 and Fernanda 8 years. They fit perfectly in the profile card that filled, and were more than 10 sheets. " At the time, the brothers were not available for adoption because they passed the family dismissal process of biological parents. "We try to get custody of them, but the Itaquaquecetuba judge at the time decided that the adoption process should run as normal."
Some time later, the brothers entered the queue. Coincidentally or not, the Poa couple was waiting in the 1st place. "I believe in divine providence, because no other plug fit so well with their profile as ours. There was a second marriage, Tremembé, which could also adopt them, but they already were our children, "said Ricardo.
It was started, then the adoption process, and the couple got the temporary custody of the children, who moved in November 2014. The guard became final in March last year.
living together
They define as "magic" the way their lives intersected with the Gabriel and Fernanda. "I always wanted to be a father and spoke to my mother I wanted to call my Gabriel's son. When I was doing my prayers thought 'God, turns around. I want a son named Gabriel." And he gave me. When we solidary action in the shelter, Gabriel had just over a year, and was a very traumatized child, hardly spoke and would not on anyone's lap. He came into our laps. When the shelter employees saw shouted 'Look, Gabriel liked them.' I heard his name, and knew he was my son, "explains Ricardo. Having a family with two parents was quiet for the boy. "As he was still a baby when he arrived, the adaptation was natural. He did not strange," said Ricardo.
The process was slow with Fernanda, who was 8 years old at the time of adoption and missed the feminine presence of a mother. "We did therapies together and always talked to this family will never be a mother. As much as I and Leandro care for all, it can miss. At first she had some resistance, but today has changed completely. We are close, she accepts our love and affection. We are happy. " Father and Dad
To live with two parents, the family had to adapt some everyday situations. The first, was to define how they would be called the children. "I did not want the father Leo and father Ricardo, because my mother always called 'mother' and only."
So the family set Leandro is the 'father' and Ricardo is the 'daddy'. "It's funny because sometimes want to talk to me and say pro Gabriel 'call your father.' He goes and calls the Léo" he joked.
The couple also made adjustments in school children, for example. "When they were enrolled talked to the director, coordinator and teacher that some things would have to change to be inclusion. Then they stopped using terms such as 'we have tickets for mothers', for example. And that's a detail that makes much difference. in the first mother's Day, the school came to us to ask how we would deal with the date. we chose to celebrate because the mother and the father goes far beyond the body. we celebrate with them. the school even surprised us. they sent two present and were honored at the school party. "
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