Sim, os gays arrasam (digo, lacram) seja no YouTube ou nos Jogos Olímpicos. Universos que parecem muito diferentes, mas que enfrentam dificuldades similares. De um lado, o conservadorismo do mercado publicitário em investir em um canal dedicado ao público LGBT. Do outro, patrocinadores que ainda inibem os esportistas a saírem do armário com a ameaça de uma suposta quebra de contrato. É o que acham os criadores do canal Põe na Roda, um dos maiores canais gays do Brasil. O UOL Tecnologia conversou com eles sobre o universo gay, e, claro, as olimpíadas.
“Felizmente, esse cenário vem mudando significativamente nos últimos anos”, comemora Pedro HMC, roteirista e criador do canal. O youtuber diz que “essa foi a Olimpíada mais gay da história”.
Em quatro anos, o número de atletas LGBTs assumidos nos Jogos Olímpicos quase que dobrou e passou de 23, em Londres, para ao menos 42, no Rio. “Eu me pergunto se na Olimpíada de 2020 vai ter algum atleta hetero?”, brinca HMC, que relaciona o recorde à mudança rápida de um mundo cada vez mais tolerante e diverso. “Isso significa que as pessoas estão lidando melhor com a sua sexualidade e com menos medo de serem elas mesmos.”
“Eu fico muito feliz que isso esteja acontecendo no Brasil, que lá fora tem uma imagem de ser um país tolerante e diverso por sua mistura maluca, mas na verdade não é. O Brasil é o país que mais mata gays e transexuais no mundo”, acrescenta Nelson Sheep, radialista e integrante do Põe na Roda. Ele cita a estimativa de que a cada 28 horas um homossexual ou transexual morre no país.
Dificuldades como youtubers gays
Com vídeos bem-humorados e informativos sobre a realidade dos LGBTs, o canal conta com mais 446 mil inscritos e 48 milhões de visualizações. A publicação com mais views chega a quase 2 milhões. “Quando eu criei o Põe na Roda não tinha canal gay brasileiro no YouTube, tinha alguns gringos, mas sempre me perguntava: quando vai ter um conteúdo feito para esse público na plataforma? Até que um dia eu falei: ‘se ninguém está fazendo, acho que eu vou fazer'”, conta HMC.
O sucesso foi quase que espontâneo. O primeiro vídeo alcançou em um único dia 16 mil visualizações. “Algo que não esperávamos, mas que mostra como esse público era carente de um conteúdo que o representasse”, acrescenta o roteirista, que se diz realizado por ajudar muitos gays a se aceitarem, além de contribuir para minimizar o preconceito. “A convivência acaba com o preconceito e mostrar como a gente vive é uma boa maneira de acabar com a homofobia no Brasil”, completa o parceiro de canal e de vida Sheep.
Mas apesar do enorme sucesso com o público LGBT, o canal enfrenta dificuldades para alcançar apoio publicitário. Segundo ele, há basicamente duas formas de ganhar dinheiro com o Youtube: uma delas é o retorno baseado nas visualizações dos vídeos, que não é tão significativo; e a outra é a publicidade direta e/ou indireta. “É nesse aspecto que se ganha mais dinheiro, mas, por ser um canal gay, enfrentamos bem mais resistência”, afirma HMC, que diz já ter notado uma diferença significativa nos últimos dois anos.
Ainda assim o youtuber confessa que –se precisasse– conseguiria sobreviver e pagar as suas contas única e exclusivamente com o canal. Mas nem HMC e nem Sheep largaram os seus respectivos trabalhos para essa dedicação exclusiva. “Gostamos de fazer o que fazemos e ainda conseguimos conciliar as atividades”, afirma o roteirista. “Vale lembrar que ter um canal no YouTube não significa ter apenas lucro, também é preciso investir em equipamentos, por exemplo, porque qualidade é algo que vem sendo cada vez mais cobrada.”
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Yes, gay arrasam (say, lacram) either on YouTube or the Olympic Games. Universes that look very different, but they face similar difficulties. On the one hand, the conservatism of the advertising market to invest in a dedicated channel to the LGBT public. On the other, sponsors still inhibit athletes to come out of the closet with the threat of an alleged breach of contract. It's what they think the creators of the channel Put the wheel, one of the largest gay channels in Brazil. The UOL Technology talked to them about the gay scene, and of course, the Olympics.
"Fortunately, this scenario has changed significantly in recent years," says Peter HMC, writer and creator of the channel. The youtuber says that "this was the gayest Olympics in history."
In four years, the number of assigned LGBT athletes at the Olympic Games almost doubled and increased from 23 in London, to at least 42 in Rio. "I wonder if the Olympics 2020 will have an athlete straight?" Jokes HMC, which links the record to the rapid change of an increasingly tolerant and diverse world. "This means that people are dealing better with their sexuality and with less fear of them ourselves."
"I am very happy that this is happening in Brazil, who out there has an image of being a tolerant and diverse country for its crazy mix, but it really is not. Brazil is the country that kills gays and transsexuals in the world, "adds Nelson Sheep, broadcaster and member of Put the wheel. He cites the estimate that every 28 hours a homosexual or transsexual die in the country.
Difficulties as gay youtubers
With humorous videos and information about the reality of LGBT people, the channel has over 446,000 subscribers and 48 million views. The publication with more views reaches almost 2 million. "When I created the Put the wheel had not gay Brazilian channel on YouTube, had some gringos, but always wondered, when will have a content made for that audience on the platform? Until one day I said, 'if no one is doing, I think I'm going to do,' "says HMC.
Success was almost spontaneous. The first video reached in a single day 16 000 views. "Something we did not expect, but it shows how this audience was lacking in content that represents," adds the writer, who is said done to help many gays to accept and contribute to minimize bias. "Coexistence does away with the prejudice and show how we live is a good way to end homophobia in Brazil," adds the channel partner and life Sheep.
But despite the huge success with the LGBT audience, the channel has struggled to achieve advertising support. According to him, there are basically two ways to make money from YouTube: one is the return based on views of the videos, which is not as significant; and the other is the direct and / or indirect advertising. "It is in this aspect that makes more money, but for being a gay channel and face more resistance," said HMC, which says it has noticed a significant difference in the last two years.
Still the youtuber confesses that -If precisasse- could survive and pay their bills only and exclusively with the channel. But neither HMC nor Sheep dropped their respective jobs to this exclusive dedication. "We like to do what we do, and still managed to reconcile the activities," says the screenwriter. "Remember to have a channel on YouTube does not mean having only profit, it is also necessary to invest in equipment, for example, because quality is something that has been increasingly charged."
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