sábado, 1 de fevereiro de 2014

Não há cura para o que não é doença (noticia) - There is no cure for the disease that is not (news)


O médico inglês Christian Jessen deu o que falar na última semana ao afirmar que vai se submeter a vários tratamentos que prometem curar a homossexualidade. Jessen, que vive uma relação gay estável há muitos anos, ficou famoso ao apresentar o programa “Embarrasing Bodies” (Corpos Constrangedores, em inglês). A experiência fará parte de um documentário que está sendo produzido pelo Channel 4 intitulado “Cure me, I’m Gay” (Cure me, eu sou gay, em inglês). Segundo o médico, por ele ser um profissional da área da saúde, ele terá melhores condições de analisar seu comportamento antes e depois do processo.
Não é de hoje que tratamentos como esses a que Jessen pretende se submeter são defendidos por grupos religiosos e de extrema direita para alterar a sexualidade das pessoas. Mesmo depois da Organização Mundial da Saúde ter retirado a orientação sexual da lista de doenças, em 1990, alguns setores da sociedade ainda batem nessa tecla. Como se sentir-se atraído sexualmente por alguém do mesmo gênero seja um desvio de comportamento e que por isso pode ser corrigido. Estúpido, não?
A questão esteve em pauta por aqui durante boa parte do ano passado por causa da chegada do deputado Marco Feliciano à presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara (CDH). Isso porque, a “legalização” do tratamento para a homofobia era uma das bandeiras do famigerado parlamentar. O projeto chegou a ser aprovado na CDH, mas em função da pressão social feitas durante as passeatas que tomaram conta do País no meio do ano passado ele foi arquivado antes de passar pelas demais instâncias necessárias para ser sancionado pela presidente. Ainda bem, né?
Já não basta a gente ter que lidar com o preconceito, com o risco de violência e com a impossibilidade de viver nosso afeto de forma plena porque as pessoas são incapazes de aceitar aquilo que é diferente delas. Ainda temos carregar o rótulo de sermos emocional e psicologicamente doentes. Era só o que faltava.
Outro ponto bastante delicado de encarar a homossexualidade como doença é que as pessoas passam a achar que somos gays porque queremos. Que nossa sexualidade “errada” é falta de vergonha na cara. Como se deixar de ser gay fosse uma questão de força de vontade, como parar de fumar ou deixar de ser sedentário. Nada poderia ser mais distante da verdade.
Adoro ser gay. Mesmo. Minha sexualidade é parte integrante e importante do que eu sou. Viver como pária, ter a coragem de assumir um “estilo de vida” condenado pela maioria e lidar cotidianamente com a intolerância das pessoas me ajudaram a ser um ser humano melhor. Não me sinto vítima por ser homossexual. Muito pelo contrário. Mas me tira do sério ouvir as pessoas dizerem que se eu quisesse mesmo me envolveria com uma mulher. Gente, sério, o povo não domina o próprio paladar a ponto de conseguir comer legumes. Mas os gays precisam ter o poder de comandar por quem o coração bate mais rápido ou o pau fica duro. Me poupem, né?
Eu não consigo entender porque a homossexualidade perturba e incomoda tanto algumas pessoas. Já passou da hora dessa gente parar de encarar o desejo alheio como uma ameaça. Não estamos recrutando partidários para a nossa "causa". Não queremos conquistar o mundo. Não queremos acabar com a família. Não queremos desvirtuar seus filhos. Mas também não queremos mudar. Não queremos nos esconder. Não queremos negar nossa natureza. Não queremos ser curados porque não há nada de errado com a gente. Tudo o que queremos é andar de mãos dadas pela rua, ficar abraçados na fila do cinema e dar beijo de boa noite. Simples assim.

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The British physician Christian Jessen gave the talk last week to say that will undergo several treatments that promise to cure homosexuality . Jessen , who lives a stable gay relationship for many years , became famous when presenting the " Embarrasing Bodies" ( Bodies awkward in English ) program. The experience will be part of a documentary being produced by Channel 4 titled "Heal me , I'm Gay " ( Cure me , I 'm gay , in English ) . According to the doctor , because he is a professional in the health field , he will be better able to analyze their behavior before and after the process .
It is not today that treatments like these that Jessen intends to undergo are defended by religious groups and extreme right to change the sexuality of people. Even after the World Health Organization has removed sexual orientation from the list of diseases in 1990 , some sections of society still hit that button . How to feel sexually attracted to someone of the same gender to be a deviant behavior and therefore can be corrected . Stupid, no ?
The issue was discussed here during most of last year because of the arrival of Mr Marco Feliciano to chair the Commission on Human Rights Chamber (HRC ) . This is because the "legalization " of treatment for homophobia was a parliamentary infamous banners . The project was not approved at the CHR , but because of social pressure made ​​during the marches that took over the country in the middle of last year it was filed before passing by the other instances required to be sanctioned by the President . Thankfully , right ?
Is not it enough we have to deal with prejudice , with the risk of violence and the impossibility of living fully in our affection because people are unable to accept what is different from them . Yet we carry the label of being emotionally and psychologically sick . It was just what was needed .
Another very delicate point of view homosexuality as a disease is that people start to think we're gay because we want to . That our " wrong " sexuality is shameless in the face. How to stop being gay was a matter of willpower , how to stop smoking or stop being sedentary . Nothing could be farther from the truth .
I love being gay . Even . My sexuality is an integral and important part of who I am . Live as outcast , have the courage to take on a " lifestyle " condemned by the majority and deal daily with the intolerance of people helped me to be a better human being . I do not feel the victim for being gay . Quite the contrary . But it pisses me off to hear people say that if I really wanted to involve myself with a woman . Guys, seriously , people do not dominate the palate itself to the point of getting to eat vegetables . But gays need to have the power to command by whom the heart beats faster or dick gets hard . Spare me , right ?
I can not understand why homosexuality both disturbs and bothers some people . It is past time that we stop staring at other people's desire as a threat . We are not recruiting supporters for our "cause." We do not want to conquer the world . Do not want to end up with the family. Do not want to detract from their children . But we do not want change . We do not want to hide. We do not want to deny our nature . Do not want to be cured because there is nothing wrong with us . All we want is to walk down the street holding hands , cuddle in a movie line and give kiss goodnight . Simple as that .



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